Encontros de Filosofia Analítica – 2014.2
Hegel analítico? Como a filosofia analítica rompeu com a dialética e porque deveríamos reconciliá-las
Victor Marques
Filosofia/PUC-RS
Resumo: Mais do que por razões estilísticas ou de método, a filosofia analítica, historicamente conformada no contexto das discussões sobre os paradoxos da teoria dos conjuntos e o colapso inicial do programa logicista, rompeu com a dialética por uma opção teórica. Embora inicialmente influenciado pelo idealismo britânico hegeliano, Russell convence-se que a solução para esse tipo de paradoxo encontra-se no “princípio do círculo vicioso”, com o qual pretendia evitar “totalidades ilegítimas”, banindo conceitos ou definições impredicativos. A proibição de circularidades representa a rejeição completa da noção de infinito sustentada por Hegel. Tal decisão teórica é exatamente a oposta da hegeliana: enquanto Russell sacrifica a auto-referência em nome da consistência, Hegel abandona o princípio da não-contradição para manter a circularidade. Como veremos, essa decisão tem consequências não só para a lógica quanto para a metafísica e a filosofia da natureza. Seguindo a argumentação hegeliana, sustentaremos que a solução de Russell é não-genérica. Por outro lado, o avanço da matemática e das ciências naturais tem, de fato, permitido a operacionalização da noção de circularidade. Teorias formais rigorosas capazes de lidar com a circularidade (como a teoria das categorias e a teoria dos hiperconjuntos) têm, curiosamente, se mostrado úteis para alguns biólogos e cientistas cognitivos. Tais inovações conceituais possibilitam a reformulação de temáticas hegelianas tradicionais de modo mais preciso e claro, em termos com os quais os analíticos estão mais dispostos a dialogar.
17/10 - 16 horas – Sala 101 (ICA – PICI)
Entrada livre
Todos os interessados são bem-vindos
Hegel analítico? Como a filosofia analítica rompeu com a dialética e porque deveríamos reconciliá-las
Victor Marques
Filosofia/PUC-RS
Resumo: Mais do que por razões estilísticas ou de método, a filosofia analítica, historicamente conformada no contexto das discussões sobre os paradoxos da teoria dos conjuntos e o colapso inicial do programa logicista, rompeu com a dialética por uma opção teórica. Embora inicialmente influenciado pelo idealismo britânico hegeliano, Russell convence-se que a solução para esse tipo de paradoxo encontra-se no “princípio do círculo vicioso”, com o qual pretendia evitar “totalidades ilegítimas”, banindo conceitos ou definições impredicativos. A proibição de circularidades representa a rejeição completa da noção de infinito sustentada por Hegel. Tal decisão teórica é exatamente a oposta da hegeliana: enquanto Russell sacrifica a auto-referência em nome da consistência, Hegel abandona o princípio da não-contradição para manter a circularidade. Como veremos, essa decisão tem consequências não só para a lógica quanto para a metafísica e a filosofia da natureza. Seguindo a argumentação hegeliana, sustentaremos que a solução de Russell é não-genérica. Por outro lado, o avanço da matemática e das ciências naturais tem, de fato, permitido a operacionalização da noção de circularidade. Teorias formais rigorosas capazes de lidar com a circularidade (como a teoria das categorias e a teoria dos hiperconjuntos) têm, curiosamente, se mostrado úteis para alguns biólogos e cientistas cognitivos. Tais inovações conceituais possibilitam a reformulação de temáticas hegelianas tradicionais de modo mais preciso e claro, em termos com os quais os analíticos estão mais dispostos a dialogar.
17/10 - 16 horas – Sala 101 (ICA – PICI)
Entrada livre
Todos os interessados são bem-vindos